Muitos
são os aspectos que influenciam o desenho dos espaços exteriores. Cada lugar
tem uma característica particular a que chamados (genius loci) ou (espírito do lugar) gerando limitações ou
potencialidades. Cada lugar tem uma paisagem circundante própria, uma
luminosidade, um tipo de clima.
Clientes por sua vez têm pedidos distintos e necessidades específicas. Portanto
a obra deve servir a determinado fim, estar bem construída, ser de fácil
manutenção e sustentável e sobretudo, agradar aos seus frequentadores pelo
olfato, tato, paladar, audição e visão. Claro que sempre dentro do possível.
Quando
são escolhidas espécies para compor os jardins algumas pessoas ao optarem por
espécies nativas muitas vezes esquecem que estas têm necessidades, não basta
colocá-las no local e deixá-las por sua rusticidade ou o oposto ser excessivo
nos cuidados, pois ambas as atitudes podem matar a planta.
O que
ocorre então? Afinal elas não são nativas?
Na
verdade o desenvolvimento do ambiente urbano provoca tamanhas alterações que este
se torna exótico para espécies nativas (originárias) do local e estas já não se
adaptam mais. Como exemplos dessas alterações podemos citar a sombra provocada
pelas edificações, as mudanças no micro-clima e até o solo - nas cidades,
conforme seu tamanho e idade, sempre há entulho no solo, por vezes não passam
de pequenos fragmentos; em alguns pontos da cidade de São Paulo, por exemplo, pode
ser encontrada uma camada de até 1 metro de entulho; em cidades antigas, como
Roma, são encontrados trechos com até 15 metros de “vestígios de civilização”
até se chegar ao solo original.
Não
estou defendendo o uso de apenas nativas ou apenas exóticas, mas, sim, o uso das
espécies mais adaptadas ao local, desta maneira tornando o jardim mais
sustentável não só pela economia de água e energia como, também, pelo fato das
espécies terem maior durabilidade. Afinal nossos jardins - tropicais,
subtropicais, áridos ou litorâneos - não devem seguir apenas uma referência em
um país com as dimensões e variedades climáticas como o nosso pode parecer meio
lógico isto, porém muitas vezes é seguido o padrão de São Paulo e Rio de Janeiro
para o restante do país.
Cabe a
nós paisagistas o uso inteligente de recursos conciliando soluções tradicionais e
inovadoras conciliando o novo e o antigo, o nacional e o internacional.
Exemplos das camadas de
“vestígios de civilização”
Parque Vila Lobos São Paulo. Local onde foi depósito de resíduos da construção civil por décadas.
Vista do parque do lado externo.
Texto e fotos Heidy Mori
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