quarta-feira, 17 de abril de 2013

Espécies exóticas ou nativas?


Muitos são os aspectos que influenciam o desenho dos espaços exteriores. Cada lugar tem uma característica particular a que chamados (genius loci) ou (espírito do lugar) gerando limitações ou potencialidades. Cada lugar tem uma paisagem circundante própria, uma luminosidade, um tipo de clima.

Clientes por sua vez têm pedidos distintos e necessidades específicas. Portanto a obra deve servir a determinado fim, estar bem construída, ser de fácil manutenção e sustentável e sobretudo, agradar aos seus frequentadores pelo olfato, tato, paladar, audição e visão. Claro que sempre dentro do possível.

Quando são escolhidas espécies para compor os jardins algumas pessoas ao optarem por espécies nativas muitas vezes esquecem que estas têm necessidades, não basta colocá-las no local e deixá-las por sua rusticidade ou o oposto ser excessivo nos cuidados, pois ambas as atitudes podem matar a planta.

O que ocorre então? Afinal elas não são nativas?

Na verdade o desenvolvimento do ambiente urbano provoca tamanhas alterações que este se torna exótico para espécies nativas (originárias) do local e estas já não se adaptam mais. Como exemplos dessas alterações podemos citar a sombra provocada pelas edificações, as mudanças no micro-clima e até o solo - nas cidades, conforme seu tamanho e idade, sempre há entulho no solo, por vezes não passam de pequenos fragmentos; em alguns pontos da cidade de São Paulo, por exemplo, pode ser encontrada uma camada de até 1 metro de entulho; em cidades antigas, como Roma, são encontrados trechos com até 15 metros de “vestígios de civilização” até se chegar ao solo original.

Não estou defendendo o uso de apenas nativas ou apenas exóticas, mas, sim, o uso das espécies mais adaptadas ao local, desta maneira tornando o jardim mais sustentável não só pela economia de água e energia como, também, pelo fato das espécies terem maior durabilidade. Afinal nossos jardins - tropicais, subtropicais, áridos ou litorâneos - não devem seguir apenas uma referência em um país com as dimensões e variedades climáticas como o nosso pode parecer meio lógico isto, porém muitas vezes é seguido o padrão de São Paulo e Rio de Janeiro para o restante do país.


Cabe a nós paisagistas o uso inteligente de recursos conciliando soluções tradicionais e inovadoras conciliando o novo e o antigo, o nacional e o internacional.

     


Exemplos das camadas de “vestígios de civilização”

















Parque Vila Lobos São Paulo. Local onde foi depósito de resíduos da construção civil por décadas.




Vista do parque do lado externo. 


Texto e fotos  Heidy Mori 


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ah esse negócio da sustentabilidade!!!!!!



Um dia desses ouvi um aluno de pós-graduação comentando:

 - Ah, no meu curso todo mundo da sala usa notebook ou tablete para escrever!!!

Ouvi e pensei.

 - Ah, até ai normal dependendo do curso é necessário usar determinado programa. Enfim tem vezes que é necessário usar.

Mas o comentário que ouvi em seguida que achei interessante. O aluno disse:

- Ah o bom é que todo mundo escrevendo em notebook e tablete e ajuda o meio ambiente é mais "sustentável".

Pensei comigo......

Ajuda o meio ambiente? Pensei...

  Legal você não usa papel que é fácil de reciclar e também biodegradável. Caneta que também é reciclada facilmente mesmo tendo diversos componentes em sua composição ou lápis que pode ser compostado facilmente.

O aluno dessa pós-graduação não pensou que seu notebook feito de plástico, alumínio, cobre, ouro enfim diversos componentes pudesse causar algum dano.

O plástico vem do petróleo é quase consenso universal que sua extração, produção, distribuição e o tratamento de seu resíduo final causam algum dano em uma dessas etapas de produção.
Destruímos florestas para explorar a bauxita que é utilizada para produção de alumínio. Somente esse componente o alumínio. Consome 10% de toda a energia do mundo.
O ouro usado nos componentes pode ter sido extraído de alguma floresta ou rio e o mercúrio usado na extração pode ter contaminado algum peixe e ter explorado algum garimpeiro em alguma terra indígena na
sua extração.

Nos componentes internos revestidos com anti retardantes de chamas são super tóxicos na verdade neuro tóxicos afetam nosso cérebro e além de toxinas que são bio acumulativas ou seja se acumulam dentro dos seres vivos atravessando a cadeia alimentar e no topo da cadeia o que apresenta maior nível de contaminação não é o frango nem o peixe é o leite materno.

E a reciclagem de seus componentes é ainda muito onerosa se for totalmente limpa. O que não ocorre hoje em dia. Boa parte do lixo eletrônico acaba muitas vezes embarcado em algum país como Gana, Nigéria separando as peças ou em algum lugar da China. Separação que muitas vezes senão quase sempre só valoriza os metais mais valiosos e o restante acaba incinerado ou enterrado contaminando a água e o solo desses lugares.

Enquanto não houver uma reciclagem total dos componentes eletrônicos e respeito com os trabalhadores em todas as etapas da cadeia de produção, distribuição e na reciclagem. Acho que não vou achar a aula com notebooks e tabletes " tão sustentável".

Bom isso que respondi ao aluno de pós-graduação.




 Foto e texto: Heidy Mori